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FREIXO

Fraxinus excelsior L

Descrição

Árvore da família das oleaceas, com ramificação oposta, que pode atingir até 40 m de altura. Tronco ereto, com casca cinzenta- esbranquiçada lisa nas espécimes jovens, e fissurado quando são espécimes mais velhos.  Os rebentos jovens são avermelhados e têm numerosas lenticelas escuras; no seu interior encontra-se uma medula esponjosa branca, relativamente grossa.

 

As folhas são opostas, estranhas e pinadas (imparipinnadas). São folhas grandes e compostas, que têm 9 a 13 folíolos lanceolados (4 a 8 pares e um na extremidade). Os folíolos são ovais, lanceolados, serrilhados (com dentes afiados), subsessis de cor verde claro. Possuem um nervo central proeminente no reverso, e tufos de cabelos brancos (castanhos na maturidade) nos locais de saída dos nervos secundários. Folha caduca.

 

Floresce no início da primavera (abril-março), antes que as folhas brotem. Agrupam-se em cachos densos ou panículas densas nas cúspides dos ramos. Se forem masculinas, formam um conjunto de estames cor de vinho. As flores femininas também são agrupadas em cima. Não têm cálice ou corola, uma vez que as sementes são transportadas pelo vento (planta anemófila) e não precisam de atrair aves ou insetos. As flores masculinas têm dois estames quase sessis e as fêmeas um pistilo (na forma de uma garrafa) com uma fenda no estigma.

 

Os frutos são alados e esmagados (samaras), de 3 a 4 cm de comprimento, castanho claro. Contorno elíptico e são um pouco tortos. Contêm uma única semente. Permanecem pendurados na árvore quase todo o inverno.

 

Cresce em florestas mistas em toda a Europa, África Mediterrânica e Norte da Ásia. Cresce também nas margens dos rios, nas margens dos campos, nas separações de quintas,...  Prefere solos eutróficos com pH básico ou neutro, frequente em terra baixas e pântanos.

 

Parte utilizável

As folhas (folíolos). Em menor grau, a casca e as sementes.

 

As folhas são colhidas no verão e a casca na primavera. A sua utilização já era recomendada por Dioscorides, Laguna e Gerard com diferentes aplicações. As folhas são compostas e formam um número ímpar de folíolos verde-claro, ovais e ligeiramente peciolados.

 

A casca é lisa nos espécimes mais jovens e fissurada nos velhos, acinzentada (daí o nome dado à árvore em inglês common ash ou weeping ash, uma vez que ash significa cinza).

 

Princípios ativos

*Folhas

 

Glicídeos: manitol (1-3%), inositol e dextrose.

 Triterpenos pentacíclicos: ácido ursólico.

Ácidos orgânicos: ácido málico.

Compostos polifenólicos: pigmentos flavónicos (rutosídeo ou rutina, quercitrina); heterosídeos de cumarina (fraxosídeo ou glicosídeos de fraxetol – dihidroxi 7,8 metoxi 6 cumarina-); taninos (10%) derivados catéquicos e gálicos.

De acordo com a RFE (Farmacopeia Real Espanhola), a folha seca deve conter pelo menos 2,5% de derivados totais do ácido hidroxicinâmico expressos como ácido clorogénico.

* Casca

 

Heterosídeos cumarínicos: fraxinol, fraxina, fraxetina, fraxidina, aesculina, aesculetina.

Gliciídeos: manitol.

Resinas

Óleo essencial.

Ação farmacológica

* Folhas

 

Anti-inflamatória (folhas)

Analgésica

Diaforética

Ligeiramente laxante (Folhas). Existem outras espécies do género Fraxinus que exsudam uma seiva nutritiva, chamada maná, que é usada como laxante nas crianças.

Diurética (manitol, compostos polifenólicos, minerais)

Cicatrizante

Vasoprotetora e venotónica

* Casca

 

Anti-inflamatória

Antipirética

Adstringente

Tónica

Moderadamente antihelmintica

Indicações

Uso interno:

 

Doenças reumáticas e gota: efeito conjunto das ações anti-inflamatória, diurética e laxante.

Artrite e processos que ocorrem com dor (analgésico)

Uso externo:

 

Em compressas locais para hemorróidas, dores reumáticas e gota.

Contraindicações

Alergia específica a qualquer um dos componentes da planta

Os seus efeitos na gravidez e na lactação não foram estudados.

Precauções e interações

São poucos os estudos a este respeito, mas devido à presença de derivados da cumarina na sua composição, devemos ter todas as precauções habituais com estes princípios ativos e considerar possíveis as interações que os mesmos apresentam.

 

Efeitos secundários e toxicidade

Não foram descritos.

 

Estudos

Estudo clínico sobre a sua ação hipoglicémica:

 

Embora não seja habitualmente utilizado para este fim, tem sido observado, usando extratos aquosos mas os da semente da planta, que ocorria uma diminuição dos níveis de glicose no sangue em ratos com diabetes induzida e também nas do grupo de controlo, sem alterações nas concentrações de plasma basal de insulina. (Maghrani M et cols. 2004)

 

Estudos clínicos sobre a sua ação anti-inflamatória e analgésica:

 

Juntamente com outras plantas com compostos fenólicos, o freixo comporta-se como um antioxidante, prendendo os radicais livres que são produzidos em qualquer processo inflamatório, protegendo-o assim do dano oxidativo; isto pode, pelo menos em parte, desempenhar um papel importante no efeito anti-inflamatório da planta (Schempp H, Weiser D & Elstner EF. 2000) (Meyer B, Schneider W, Elstner EF. 1995)

 

Através da utilização de testes farmacológicos, podem ser determinados os efeitos anti-inflamatórios e analgésicos da planta. Este facto é corroborado por numerosos estudos clínicos que avaliam a sua eficácia em doentes com Artrite e artrose, observando-se um efeito antirreumático semelhante aos AINEs, mas apresentando menos efeitos indesejáveis. (Klein-Galczinsky C. 1999) (von Kruedener S, Schneider W, Elstner EF. 1995) (el-Ghazaly M y cols 1992) (Okpanyi SN y cols1989)

el-Ghazaly M, Khayyal MT, Okpanyi SN & Arens-Corell M. Study of the anti-inflammatory activity of Populus tremula, Solidago virgaurea and Fraxinus excelsior. Arzneimittelforschung.1992; 42(3):333-6.

Klein-Galczinsky C. Pharmacological and clinical effectiveness of a fixed phytogenic combination trembling poplar (Populus tremula), true goldenrod (Solidago virgaurea) and ash (Fraxinus excelsior) in mild to moderate rheumatic complaints. Wien Med Wochenschr. 1999;149(8-10):248-53.

Maghrani M, Zeggwagh NA, Lemhadri A, El Amraoui M, Michel JB &  Eddouks M. Study of the hypoglycaemic activity of Fraxinus excelsior and Silybum marianum in an animal model of type 1 diabetes mellitus. J Ethnopharmacol. 2004 Apr;91(2-3):309-16

Meyer B, Schneider W &  Elstner EF. Antioxidative properties of alcoholic extracts from Fraxinus excelsior, Populus tremula and Solidago virgaurea. Arzneimittelforschung. 1995 Feb;45(2):174-6.

Okpanyi SN, Schirpke-von Paczensky R &  Dickson D. Anti-inflammatory, analgesic and antipyretic effect of various plant extracts and their combinations in an animal model. Arzneimittelforschung. 1989 Jun;39(6):698-703.

Schempp H, Weiser D & Elstner EF. Biochemical model reactions indicative of inflammatory processes. Activities of extracts from Fraxinus excelsior and Populus tremula. Arzneimittelforschung. 2000 Apr;50(4):362-72.

von Kruedener S, Schneider W & Elstner EF. A combination of Populus tremula, Solidago virgaurea and Fraxinus excelsior as an anti-inflammatory and antirheumatic drug. A short review. Arzneimittelforschung. 1995 Feb;45(2):169-71.

Bibliografia

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Chevallier, A. (1997) Enciclopedia de las Plantas Medicinales. Acento. Madrid

Lastra, J.J., Bachiller L.I. (1997) Plantas medicinales en Asturias y la Cornisa Cantábrica. Trea. Gijón (Asturias)

Vanaclocha B., Cañigueral S. (eds.) (2003) Fitoterapia, Vademécum de Prescripción. Masson. Barcelona